Matéria Jornal Lince (1a versão)

Pleiades: blah, blah, blah
Banda formada por crianças e adolescentes de BH participa de concurso da BBC e se lança no mercado profissional

Com um estilo oscilante entre o hard rock e o heavy metal, a banda mineira Pleiades é formada por jovens entre 10 e 17 anos e representou o Brasil – ao lado da paulistana Sweet Cherry Fury – na mais recente edição do concurso BBC Next Big Thing, da emissora londrina.

A inscrição da banda ocorreu de maneira despretensiosa. “A gente mandou a música pra lá por mandar mesmo, sem esperança nenhuma”, declara XXX. O Pleiades não apenas foi selecionado, mas terminou como um dos finalistas no concurso que teve a participação de 1.100 artistas do mundo todo.

Tanto a experiência quanto a exposição que obtiveram, reflete na postura profissional da banda, que participa em maio, de festival na cidade de Varginha ao lado de veteranos como Made In Brazil e Sepultura. A vida escolar dos garotos, porém, não é abalada pela rotina de shows e ensaios. “Exijo que eles devem ir bem na escola pra que a escola não atrapalhe a música”, determina o empresário Francisco Penteado. Algumas exceções acontecem, como quando o XXX perdeu prova de vestibular para participar da abertura do show do Deep Purple, em dezembro ultimo.

A participação de músicos tão jovens no circuito profissional, além de inusitada, pode ser motivo de polêmicas. “Paguei caro para ver uma lenda do rock, uma banda de quase 40 anos que ajudou a criar um estilo musical. Isso aqui não é Show da Xuxa”, indigna-se o ilustrador XXX, 40, referindo-se ao episódio Deep Purple. Nada mais justo para uma banda que, apesar da idade, arrisca-se em um mercado profissional, sujeitar-se à suas pressões.


COMO SURGIU
Ao perceber a aptidão do filho para a música, o pai bem intencionado incentivou-o a formar uma banda com colegas. A seleção dos integrantes foi feita por intermédio da escola de música do garoto e a iniciativa culminou com a formação da banda Pleiades, em meados de 2005. O pai, Francisco Penteado, viria a ser o empresário, e o filho, André Mendonça, de 10 anos, o guitarrista da banda que conta também com Cynthia Mara, 14 (vocal e guitarra), Leonardo Dias, 12 (teclado), Marcos Garcia, 13 (baixo) e André Matos, 17 (bateria),

Com um repertório calcado no hard rock – tocam composições de Kiss, AC/DC, Metallica, Twisted Sister, entre outros – os meninos possuem o aval dos pais para a empreitada musical. “Se depender do pai do Marcos, eles param de estudar agora. Ele fala que a escola atrapalha tudo, que tem que parar de estudar agora. Se depender do pai dele, esse negócio já deu certo, então tem que investir nisso”, exemplifica o empresário.

Profissionalismo e seriedade parecem ser a força motriz da jovem banda, que já teve problemas com um ex-integrante. “Com quem eu tinha problema era o tecladista, aí ele saiu da banda. Ele queria tocar na Globo, no Chevrolet Hall, queria o glamour do negócio”, declara Francisco, que ressalta ainda, a humildade dos garotos: “aqui eles tocaram no Chevrolet e na semana seguinte tocaram num lugar para 30, 40 pessoas. Eles encaram como profissionais mesmo”.


-primeira versão da matéria publicada no jornal universitário Lince, 2007